Chanceler Mauro Vieira durante declaração à imprensa após reunião com o ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Francisco Bustillo, no Palácio do Itamaraty. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Porto Velho, RO - O Brasil ficou de fora de uma declaração assinada por 54 países na ONU para condenar o regime de Daniel Ortega, na Nicarágua, e o governo Lula ainda tenta explicar essa posição. O chanceler Mauro Vieira (foto) diz que o Brasil não hesitou em condenar o ditador ao apresentar uma declaração em separado sobre a ditadura que expulsou cerca de 300 dissidentes recentemente, mas buscou “abrir espaço para o diálogo, que é parte essencial da diplomacia”.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o ministro das Relações Exteriores disse que “para o Brasil, não cabe neste momento a ênfase em sanções e é fundamental a abertura de um diálogo com o governo da Nicarágua e com todos os atores relevantes naquele país, como consta da nossa manifestação, e não consta na do grupo”. Segundo ele, a busca por diálogo é “uma questão de princípio da diplomacia brasileira”.
Apesar de não ter condenado a ditadura de Ortega, o governo brasileiro se ofereceu, nesta semana, para receber os opositores expulsos do país pelo ditador. A posição brasileira tem incomodado até petistas, como o diretor da Fundação Perseu Abramo e membro do diretório nacional do partido Alberto Cantalice, que criticou não apenas a ditadura de Ortega, mas também o regime do venezuelano Nicolás Maduro — nesta quarta-feira (8), o chefe da Assessoria Especial de Lula, o ex-chanceler Celso Amorim, se reuniu com Maduro em Caracas.
Também nesta quinta, o PSB, do vice-presidente Geraldo Alckmin, divulgou nota para condenar as “práticas ditatoriais” de Ortega, em mais uma demonstração do isolamento da cúpula do governo em relação à questão nicaraguense.
Fonte: O Antagonista
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